Prevalência de infecções por geo-helmintos em comunidades brasileiras : A sistematic review
Geo-helmintíases são reconhecidas devido a sua alta morbidade e por causar milhares de mortes anualmente, principalmente, de crianças em países em desenvolvimento. Existe uma proposta global com meta de redução dessas infecções. Mas para que essa meta seja alcançada, o conhecimento da prevalência das geo-helmintíases é fundamental. Apenas assim, é possível avaliar quais as regiões devem receber maior atenção em busca do tratamento e controle. Esse estudo objetivou avaliar a prevalência de infecções por geo-helmintos no Brasil com base em análise da literatura publicada. Para isso, foi feita uma revisão sistemática de artigos nas bases de dados PubMed, Scopus e ScienceDirect considerando estudos nos quais os exames coproparasitológicos foram realizados entre 1/1/2010 a 17/8/2020.Foram incluídos estudos que apresentavam os seguintes dados: número de participantes, faixa etária, método parasitológico, localização geográfica. Um total de 25 estudos foi identificado, com relatos de prevalência em comunidades rurais, indígenas, escolares, áreas urbanas e periurbanas. Os estudos foram realizados em doze estados brasileiros, nas Regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Em 56% dos estudos foram incluídos indivíduos com idades de 0 a 93 anos. As técnicas baseadas em sedimentação espontânea foram as mais utilizadas. Ascaris lumbricoides foi a espécie mais prevalente (0,15 a 48,8%), seguida de Trichuris trichiura (0,16 a 61,5%) e de ancilostomídeos (0,08 a 22,8%). Os estados do Rio Grande do Sul (RS), Minas Gerais (MG), Paraná(PR), Alagoas (AL) e Bahia (BA) tiveram maior prevalência (>20%) para Ascaris lumbricoides. E também apresentaram uma alta prevalência para T. trichiura (PR, AL e BA) e ancilostomídeos (MG, AL e BA). No Brasil, estudos de prevalência de geo-helmintíases são escassos, principalmente, em regiões de extrema pobreza. Os trabalhos publicados não fazem referência à prevalência de municípios e sim de determinadas comunidades, o que nem sempre pode representar a realidade local. Mais estudos sobre prevalência de infecções por geohelmintos são necessários para conhecer áreas de maior risco, onde medidas para tratamento e controle deverão ser mais efetivas.